quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Vou-me embora pro passado"



Enviado por Por Jocélio de Oliveira (Estagiário) e Lígia Coeli Silva Rodrigues (Colaboradora)
08-Ago-2008


Há quem diga, não sem motivos, que o litoral paraibano é uma boa pedida para o final de semana. Mas é no Cariri
paraibano que se esconde alguns segredinhos que só podem ser descobertos bem de perto. É o caso de Umbuzeiro, uma
cidade à 75 Km de Campina Grande que nos surpreende não só pela paisagem, mas pelos costumes.
“Reza a lenda” que a sombra de um Umbuzeiro servia de parada obrigatória aos tropeiros, para descanso e
refeições. A possibilidade de comércio atraiu algumas pessoas que começaram a construir suas casas na região. A história
pode lembrar a formação de Campina Grande, mas a cidade nem cresceu tanto, tem cerca de 9.500 habitantes apenas.
Andar pelas ruas de Umbuzeiro pela manhã é ter a sensação de mergulhar em outra época e voltar no tempo. As
senhoras distribuem simpáticas saudações pela janela, uma atitude incomum ao ritmo de vida que levamos em cidades
grandes. Dá pra ver a movimentação nas bodegas, por entre as praças, e não lhe falta quem dê informações sobre lugares
bonitos para conhecer na cidade.
A igreja é um bom lugar para se visitar, da última vez que estivemos lá, deu para ir até na casa do Padre! Ou quem
sabe fazer um passeio histórico pela antiga residência dos famosos da cidade, que não são poucos: Umbuzeiro é a
pátria de Assis Chateaubriand, Epitácio Pessoa e João Pessoa, só para citar alguns.
Mas é na feira que os contrastes se encontram numa mistura engraçada de se ver. Enquanto alguns vendedores
apostam em produtos mais modernos e importados, outros apelam pela tradição. Lá você encontra desde
quinquilharias chinesas a pomadas feitas de banha de Ema que, segundo o vendedor, "é para reumatismo, inchação,
pancada, dor de dente", e vai seguindo a lista de doenças que ele se orgulha em pronunciar. Quanto mais difícil o nome,
melhor. Vale dizer que essa fala é pronunciada através de um microfone antigo que com a ajuda de caixas de som
igualmente antigas, fazem ecoar o som de sua voz pela feira inteirinha, que misturados aos gritos dos feirantes, dão
clima ao lugar.
Mais impressionante é dar uma checada nas barracas: a pomada, por exemplo, conta com três Emas mortas,
penduradas por entre a estrutura de madeira que sustenta uma quantidade assustadora de potinhos metálicos. É preciso
legitimar o fornecimento do produto, e para isso, nada mais convincente que pendurar a matéria-prima.
Lá não faltam bancas de doces, peixes, verduras e roupas. Tudo junto e combinado num colorido gritante que preenche
os olhos de quem pára e percebe o lugar. O mesmo colorido daquela infância em que se brincava com baleeira, peão,
bola de gude, que se misturam ao caximbo, fumo, facas peixeira, uma diversidade de ervas e chocalho na barraca de
mais uma dona Maria.
O mercado Municipal, localizado no centro da cidade, também guarda um pouco da história do lugar. Foi ali que o
comércio da cidade nasceu. O município tem 120 anos de Emancipação Política e o clima como atração à parte. Durante o
dia, o sol é quase como um convite aos passeios que vão desde as colinas umbuzeirenses até a arquitetura histórica do
centro da cidade. À noite, o frio toma conta da cidade, o bom mesmo é colocar um casaco, curtir as praças da cidade e
sair para tomar um café.
Dizem que ainda não é possível fazer viagens ao passado, mas não acredite. Tem ônibus saindo da Rodoviária
todos os dias às 6h, 10h30m, 12h e 15h, ao custo de R$ 9,00 inteira. Mas se vc desistir de voltar ao passado e quiser
trocar a passagem para o tempo mais presente, quando chegar lá, ao seu destino, é só mudar de rua.

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